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Em sintonia com o exterior, o dólar à vista fechou com alta firme ante o real nesta sexta-feira, após novos dados de inflação nos Estados Unidos reforçarem as apostas nos mercados de que os juros norte-americanos subirão ainda mais.
A perspectiva de juros mais elevados nos EUA deu força ao dólar em todo o mundo e penalizou divisas de maior risco, como o real brasileiro.
O dólar à vista fechou o dia cotado a 5,1988 reais, em alta de 1,22%. Na semana --mais curta em função do período de Carnaval--, a moeda norte-americana acumulou elevação de 0,69%.
Na B3 (BVMF:B3SA3), às 17:39 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 1,15%, a 5,2045 reais.
Após ceder 0,67% na sessão de quinta-feira, o dólar abriu a sexta-feira já no terreno positivo no Brasil, com os mercados à espera dos dados de inflação dos EUA.
Às 10h30, o Departamento do Comércio informou que o índice de preços de despesas de consumo pessoal (PCE, na sigla em inglês) dos EUA subiu 0,6% em janeiro, após alta de 0,2% em dezembro, resultado acima do esperado por analistas.
Com os números, cresceram as apostas de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) elevará os juros pelo menos mais três vezes em 2023. Em reação, os investidores reduziram ainda mais as posições em ativos de risco – como ações e moedas de países emergentes.
Às 17:39 (de Brasília), o índice do dólar --que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas-- subia 0,61%, a 105,210.
Influenciado pelo exterior, o dólar iniciou a tarde com ganhos superiores a 1% ante o real.
“Desde o início da semana havia a perspectiva de que os juros poderiam ficar mais altos, por mais tempo, nos EUA, após a divulgação de dados de produção. Na quinta-feira, tivemos uma leitura mais tranquila do PIB norte-americano, mas nesta sexta o PCE já mostrou uma inflação acima do esperado”, resumiu o operador de câmbio Vítor Costa, da H. Commcor DTVM.
Para Felipe Novaes, chefe da mesa de operações do C6 Bank, o processo de convergência da inflação norte-americana para perto de 2% será mais lento, “não permitindo o início do ciclo de redução dos juros americanos antes de meados de 2024”.
A perspectiva de alta para os juros dos EUA fez o dólar chegar a ser cotado a 5,2101 reais às 15h09, na máxima do dia (+1,44%). Na reta final da sessão, porém, a moeda americana perdeu um pouco da força, encerrando abaixo dos 5,20 reais.
“Os juros estão fortes nos EUA, mas o Brasil tem atualmente as taxas reais (descontada a inflação) mais elevadas do mundo. Isso acaba limitando também o valor do dólar ante o real. Nas atuais condições, é improvável o dólar superar os 5,30 reais”, afirmou Fernando Bergallo, diretor da assessoria de câmbio FB Capital.
Profissionais do mercado afirmaram ainda que o noticiário doméstico na semana teve menos influência nas cotações, inclusive nesta sexta-feira.
Pela manhã, o Banco Central vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional, na operação de rolagem dos compromissos de abril.
O Ibovespa fechou em queda nesta sexta-feira, abaixo dos 106 mil pontos, pressionado por receios sobre o ciclo de alta dos juros nos Estados Unidos, enquanto Minerva (BVMF:BEEF3) foi destaque negativo após resultado trimestral aquém das expectativas.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 1,53%, a 105.950,89 pontos, de acordo com dados preliminares. Na mínima, chegou a 105.359,92 pontos.
Na semana, mais curta em razão do Carnaval, o Ibovespa contabilizou uma perda de 2,96%, afetado particularmente pelo temor de uma taxa terminal mais alta no ciclo de aperto monetário nos EUA e manutenção do juro elevado por mais tempo.
O volume financeiro nesta sexta-feira somava 17,7 bilhões de reais.