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quinta-feira, 17 de novembro de 2022

Mercado financeiro Dólar e Ibovespa: 17/11/22

Bitcoin: R$ 90.465,28 Reais e US$ 16.685,70 Dólares.

Dólar comercialR$ 5,4006
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O dólar avançou frente ao real nesta quinta-feira, apoiado pelo aumento do risco fiscal doméstico na esteira dos gastos extra-teto elevados incluídos pelo governo eleito na PEC da Transição, mas fechou o pregão bem abaixo de picos intradiários acima de 5,50 reais, em meio à possibilidade de que o texto da proposta de emenda à Constituição seja alterado durante a tramitação no Congresso.

A moeda norte-americana à vista subiu 0,45%, a 5,4064 reais na venda, maior cotação para encerramento desde 22 de julho passado (5,4976 reais).

Mais cedo, o dólar chegou a disparar 2,76%, a 5,5308 reais na venda, maior patamar intradiário desde janeiro deste ano, mas foi perdendo fôlego gradativamente ao longo da sessão.

Alguns investidores ponderaram que os mercados já esperavam, no geral, o valor de 175 bilhões de dólares embutido na PEC para os gastos com o Bolsa Família e já enxergavam o risco de não haver prazo claro para as exceções ao teto, de forma que o texto não foi uma surpresa.

Além disso, pode ser que a PEC seja modificada ao tramitar no Congresso, disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX, ecoando a visão de vários outros agentes do mercado financeiro que acreditam na possibilidade de o texto ser "enxugado" nas negociações com parlamentares.

Martin Castellano, chefe de pesquisa para América Latina do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês), por exemplo, chamou de "exagerada" a reação inicial dos mercados à PEC e lembrou que muitas discussões internas acontecerão a partir de agora.

Ainda assim, muitos investidores mostravam preocupação com o desenho da PEC e incertezas sobre como será tocada a política fiscal do governo eleito pelos próximos quatro anos.

"Em nossa avaliação, por meio deste projeto de lei, a equipe de transição do presidente eleito Lula está aumentando a aposta e minimizando/ignorando os sinais de preocupação que o mercado tem enviado com relação à sustentabilidade fiscal no médio prazo", avaliou em relatório Alberto Ramos, diretor de pesquisa macroeconômica para América Latina do Goldman Sachs (NYSE:GS).

"O que está incomodando o mercado é a combinação de um nível muito alto de gastos que não estarão sujeitos ao teto de gastos, mas também que isso está ocorrendo sem uma equipe econômica designada para analisar o impacto macro dessas disposições e fornecer algumas orientações/bases sobre a política fiscal", disse Ramos.

Embora tenha anunciado vários economistas para compor sua equipe de transição, Lula ainda não definiu quem integrará de fato seu Ministério da Fazenda a partir do ano que vem. Três fontes disseram à Reuters na quarta-feira que o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad está sendo visto como o favorito do presidente eleito para comandar a pasta.

Alguns agentes financeiros acreditam que a PEC da Transição --muito heterodoxa aos olhos do mercado-- indica inclinação de Lula a nomear uma pessoa do "círculo interno" do PT, como Haddad, à Fazenda, o que poderia agravar o descontentamento dos mercados.

Ramos, do Goldman Sachs, destacou que, para além dos efeitos de curto prazo da PEC, "também não há... qualquer discussão sobre o que deve substituir o teto de gastos como âncora fiscal" durante o governo de Lula.

Respaldou a alta do dólar frente ao real nesta quinta-feira o avanço do índice que compara a divisa norte-americana a uma cesta de seis pares fortes, em meio a temores de que a resiliência da economia dos EUA impeça o Federal Reserve de moderar seu aperto monetário.

Esse medo foi reforçado mais cedo por fala do presidente do Federal Reserve de St. Louis, James Bullard, que disse que mesmo num cenário de conduta mais branda por parte do banco central, os juros ainda precisariam subir mais. O índice do dólar subia 0,4% nesta tarde, mas estava bem abaixo do picos do dia.

O Ibovespa fechou em queda nesta quinta-feira, chegando ao patamar dos 107 mil pontos no pior momento, diante de receios de deterioração fiscal após detalhamento da PEC da Transição, que visa excluir da regra do teto de gastos os desembolsos com o Bolsa Família e outras mudanças orçamentárias.

Mas o índice desacelerou as perdas após notícias que incluíram a saída do ex-ministro Guido Mantega da equipe de transição. Já o ex-ministro Aloizio Mercadante indicou que a equipe de governo de Luiz Inácio Lula da Silva avalia rever isenções fiscais para elevar receitas. A recuperação das ações da Vale também ajudou na redução das perdas do índice na sessão.

O Ibovespa encerrou em baixa de 0,49%, a 109.702,78 pontos, distante da mínima da sessão, de 107.245,13 pontos, mas ainda assim menor patamar de fechamento desde o final de setembro.

O volume financeiro somou 42,3 bilhões de reais, em sessão também marcada por operações visando o vencimento de opções sobre ações na sexta-feira.

"Esse esboço inicial definitivamente não parece ser um bom presságio para ancorar as expectativas sobre a sustentabilidade da dívida pública", afirmaram economistas do Citi. Eles reconheceram, porém, que ainda há restrições que podem limitar o afrouxamento fiscal, como as negociações no Congresso.

No final da quarta-feira, a equipe de transição de Lula apresentou a parlamentares proposta de "excepcionalizar" do teto de gastos 175 bilhões de reais para o Bolsa Família de 600 reais a partir de 2023, com adicional de 150 reais por criança, sem um prazo determinado.

O texto da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) inclui ainda uma autorização para que parte de receitas extraordinárias fique fora do teto e possa ser redirecionada para investimentos, em um limite de 23 bilhões de reais, entre outras possibilidades.

"O sinal que temos interpretado até agora é preocupante e diferente do que esperávamos, aumentando a incerteza quanto ao comprometimento com as regras fiscais", afirmou equipe do UBS.

Os economistas do banco suíço citaram em relatório a clientes que se o governo optar por aumentar seus gastos sem administrar a trajetória da dívida em relação ao Produto Interno Bruto, o PIB vai contrair, não crescer.

Esses gastos extras, segundo os economistas do UBS, levam a um crescimento menor, inflação mais alta e moeda mais fraca, resultando em taxas de juros e gastos com juros mais altos e, portanto, alta não linear na trajetória da dívida. "Se a opção for aumentar o gasto social, outros gastos teriam que ser reduzidos."

Para Lula, porém, o mercado fica nervoso à toa, conforme discursos recentes do petista na sequência de reações bastante negativas de investidores às perspectivas de aumento de gastos públicos em 2023 sem a definição clara de uma fonte de recursos para esse financiar esse crescimento.

"Ah! Mas se eu falar isso vai cair a bolsa, vai aumentar o dólar. Paciência", afirmou Lula durante discurso no Egito na manhã desta quinta-feira, onde participa da cúpula da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o clima COP27.

Em paralelo, o silêncio sobre quem será o ministro da Fazenda continua adicionando incertezas aos investidores.

A probabilidade de o presidente-eleito nomear alguém forte fora do PT, como o ex-ministro Henrique Meirelles ou o economista Persio Arida, que faz parte da equipe de transição, na visão dos economistas do Citi, reduziu ainda mais após a PEC, segundo relatório enviado a clientes.

Os economistas do Citi avaliam que aumentaram as chances de alguém do círculo interno do PT ser indicado para a pasta, como Alexandre Padilha ou Fernando Haddad.

Fontes ouvidas pela Reuters nesta semana afirmaram que a decisão final sobre a Fazenda não foi tomada, mas que Haddad está sendo visto como favorito de Lula. O presidente-eleito, porém, tem mandado avisar que só pretende anunciar nomes em dezembro.

Para a equipe do UBS, uma reversão das atuais preocupações fiscais pode acontecer se um ministro das Finanças ortodoxo for nomeado, assim como se uma reação mais forte do mercado repelir essas políticas fiscais frouxas ou se o Congresso optar por não aprovar toda essa folga fiscal.

"Mas as perspectivas não são tão favoráveis", afirmaram os economistas do UBS.

No pior momento desta quinta-feira, o Ibovespa chegou a cair 2,72%, mas reduziu as perdas acompanhando notícias como a da saída de Mantega, que pediu para ser afastado da equipe de transição de governo.

Já Mercadante, que coordena os grupos técnicos da transição de governo, também indicou que o grande volume de isenções fiscais está sob análise e pode ser uma maneira de elevar as receitas futuras da administração federal.

No exterior, Wall Street também teve um fechamento negativo, com dados divergentes sobre o ritmo da economia norte-americana e declarações de autoridade do Federal Reserve embaralhando expectativas de que o Fed poderia reduzir o ritmo de alta dos juros após melhora em dados recentes de inflação.

DESTAQUES

- QUALICORP ON (BVMF:QUAL3) desabou 10,6%, a 5,82 reais, mínima história de fechamento. O papel chegou a 5,62 reais no pior momento da sessão. Analistas do UBS cortaram a recomendação das ações para "venda" e ceifaram o preço-alvo de 14 para 6,50 reais. "O pior passou, mas a recuperação é incerta", afirmaram.

- B3 ON (BVMF:B3SA3) despencou 6,05%, a 11,65 reais, sofrendo com o desmonte generalizado de posições, enquanto a perspectiva de um quadro fiscal pior, com menor crescimento e juros mais altos, corrobora temores de um efeito negativo nos volumes de negócios realizados na plataforma da empresa de infraestrutura de mercado financeiro.

- 3R PETROLEUM ON tombou 6,19%, a 38,82 reais, após divulgar dados preliminares de produção de outubro mostrando queda em relação a setembro. Na visão da Genial Investimentos, a leitura dos números é negativa "por demonstrar uma parada no ímpeto de crescimento da produção nos últimos meses".

- VALE ON (BVMF:VALE3) avançou 0,8%, 83,1 reais, respondendo por um relevante suporte ao Ibovespa, após titubear durante o pregão. Na China, o contrato futuro de minério de ferro mais negociado na Dalian Commodity Exchange subiu 1,7%, para 740 iuans (103,85 dólares) a tonelada no final do pregão diurno. A Vale também anunciou que fornecerá 25 mil toneladas de níquel ao ano para a General Motors (NYSE:GM) na América do Norte.

- CYRELA ON (BVMF:CYRE3) caiu 3,59%, a 13,7 reais, com o índice do setor imobiliário cedendo 1,87%, o pior desempenho entre os índices setoriais da B3, dado o efeito negativo na curva futura de juros com a perspectiva de mais gastos sem se saber as fontes de financiamento.

- IRB BRASIL ON (BVMF:IRBR3) recuou 5,81%, a 0,81 real, renovando mínima intradia histórica a 0,79 real. Raphael de Carvalho renunciou ao cargo de presidente-executivo, após pouco mais de um ano na posição. Nem o "upgrade" do Citi, que elevou a recomendação dos ações de "venda" para "neutra/alto risco", esfriou as vendas.

- PETROBRAS PN (BVMF:PETR4) encerrou com variação positiva de 0,04%, a 27,16 reais, tendo de pano de fundo a queda do petróleo Brent, enquanto segue também pressionada pelos receios relacionados à troca do governo federal e os possíveis reflexos na estratégia da empresa.

- BRADESCO PN (BVMF:BBDC4) subiu 2,17%, a 15,54 reais, encontrando algum apoio em relatório do JPMorgan (NYSE:JPM) que elevou a recomendação para os papéis do banco a "overweight". No setor, ITAÚ UNIBANCO PN (BVMF:ITUB4) reagiu e fechou em alta de 0,61%, enquanto BANCO DO BRASIL ON (BVMF:BBAS3) recuou 2,13%.
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