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quinta-feira, 27 de outubro de 2022

Mercado financeiro Dólar e Ibovespa: 27/10/22

Bitcoin: R$ 107.915,47 Reais e US$ 20.285,00 Dólares.

Dólar comercialR$ 5,3082
Dólar turismoR$ 5,5034
Dólar ptaxR$ 5,3003
Euro comercialR$ 5,29
Euro turismoR$ 5.558


O dólar tombou quase 1,5% frente ao real nesta quinta-feira, abatido por movimento de ajuste de posições após forte disparada da moeda norte-americana no início da semana, enquanto acenos do candidato presidencial Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a uma agenda fiscalmente responsável ajudaram a sustentar o humor do mercado doméstico perto do final do pregão.

No entanto, a volatilidade dos negócios se mostrou elevada, e agentes financeiros citaram a manutenção de preocupações na reta final da corrida eleitoral, com alguns temendo eventual contestação da credibilidade do processo e extensão da incerteza para além do segundo turno de domingo.

A moeda norte-americana à vista tombou 1,48%, a 5,3026 reais, registrando a maior depreciação percentual diária desde 3 de outubro (-4,03%), pregão que sucedeu o primeiro turno do pleito presidencial.

No final dos negócios, por volta de 16h40, o dólar chegou a despencar 2,62%, a 5,2409 reais, com investidores se animando pontualmente pela notícia de que Lula publicaria nesta quinta-feira uma carta em que se comprometeria com a responsabilidade fiscal caso fosse eleito.

Poucos minutos antes do fechamento dos mercados, a carta do ex-presidente foi divulgada, e, como não trouxe grandes novidades, na avaliação de investidores, a euforia dos mercados perdeu fôlego e o dólar se afastou dos menores patamares do pregão. No documento, Lula disse que vai aliar responsabilidade fiscal, social e desenvolvimento sustentável para gerir o país, repetindo sinalizações já feitas durante a atual campanha.

"Houve uma primeira animação do mercado com o 'headline' em relação a responsabilidade fiscal", escreveu Dan Kawa, CIO da TAG Investimentos, mas o especialista ponderou que houve "pouca coisa substancial nova".

Apesar da forte queda do dólar, investidores notaram forte volatilidade no mercado nesta quinta-feira. Uma medida da volatilidade implícita do real para os próximos três meses subiu nesta sessão para o maior patamar desde o início de setembro, o que participantes do mercado disseram ser efeito da aproximação do segundo turno de domingo.

Flavio Pretti, planejador financeiro pela Planejar, disse à Reuters que o maior receio dos mercados no momento em relação ao pleito é de haver "instabilidade do processo democrático".

Nesta semana, o presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) voltar a atacar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com acusações sem provas de irregularidades na veiculação das inserções de rádio de sua campanha. Bolsonaro disse na noite de quarta que irá até as últimas consequências, dentro da Constituição, contra as supostas infrações, após o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, ter rejeitado a denúncia por falta de provas.

Observadores do processo eleitoral enxergaram a movimentação da campanha de Bolsonaro como uma tentativa de descredibilizar o pleito e preparar o terreno para eventual contestamento do resultado de 30 de outubro caso saia perdedor.

"Qualquer coisa que sai do combinado, que acrescenta uma incerteza não prevista é ruim para o investidor. O capital é extremamente volátil no mundo todo, basta ver o que aconteceu na Inglaterra", disse Pretti, referindo-se à turbulência financeira que se instalou no Reino Unido em reação à agenda fiscal da ex-primeira-ministra Liz Truss. "A melhor coisa para o Brasil é, de fato, o cumprimento da Constituição."

Embora tenha apontado eventual instabilidade ou questionamento do processo eleitoral como um risco para a confiança de investidores no Brasil, Pretti disse não ver evidências "relevantes" no momento de que esse cenário indesejado possa se concretizar, chamando os acontecimentos políticos da última semana de "ruído".

Uma estrategista do JPMorgan (NYSE:JPM) disse à Reuters em entrevista publicada nesta quinta-feira que qualquer evento que adie o desfecho da corrida presidencial no Brasil no próximo domingo é uma preocupação dos investidores, destacando que as pessoas querem virar a página da incerteza eleitoral.

Já o Goldman Sachs (NYSE:GS) disse em relatório que o mercado financeiro doméstico deve "reagir positivamente a sinais de paz social, estabilidade política e reformas que alavanquem o investimento e o crescimento" no período após as eleições.

No puro espírito volátil que se espera de uma reta final de apertada eleição, o Ibovespa chegou a tocar os 116 mil pontos perto do fechamento desta quinta-feira, quando o mercado tomou conhecimento da "Carta para o Brasil do Amanhã", do candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em que promete responsabilidade fiscal, com "regras claras e realistas" e "compromissos plurianuais". O texto acrescenta que tal compromisso precisa ser compatibilizado com o "enfrentamento da emergência social que vivemos e com a necessidade de reativar o investimento público e privado para arrancar o país da estagnação".

A nuance do discurso fez o Ibovespa devolver rapidamente o salto de mais de mil pontos visto no espaço aproximado de um minuto: entre 16h42 e 16h43, passou de máxima do dia então renovada aos 115.045,79, para 115.606,78 e, logo depois, 116.235,76 pontos, em alta de 3,08% no pico do dia, no apertado espaço aproximado de 60 segundos. No fechamento, o Ibovespa mostrava ganho semelhante ao observado antes da divulgação da carta, ao encerrar em alta de 1,66%, aos 114.640,76 pontos.

Assim, quebrou nesta quinta a série negativa de três sessões que havia revertido o rali das estatais visto na semana passada. O dia foi de recuperação bem distribuída nas ações e nos setores de maior peso no índice, à exceção de Vale (BVMF:VALE3) (ON -3,56%), que divulgará balanço trimestral após o fechamento da sessão. O giro financeiro desta quinta-feira ficou em R$ 32,8 bilhões, com o índice da B3 (BVMF:B3SA3) entre mínima de 112.765,24, quase idêntica à abertura (112.765,63), e a máxima de 116.235,76 pontos, perto do fechamento. Na semana, o Ibovespa ainda cede 4,41%, limitando o ganho do mês a 4,18% - no ano, sobe 9,37%.

Em Nova York, a decepção suscitada por resultados de 'big techs' divulgados nesta semana resultou em giro das carteiras em direção às chamadas ações de valor, associadas à economia tradicional e concentradas no blue chip Dow Jones, que fechou nesta quinta em alta de 0,61%, moderada em direção ao fechamento - negativo para o índice amplo, o S&P 500, que cedeu nesta quinta exatamente 0,61%. Por sua vez, o tecnológico Nasdaq caiu 1,63%. Divulgada pela manhã, a primeira leitura sobre o PIB dos Estados Unidos no terceiro trimestre ficou acima do consenso, sugerindo que a elevação dos juros pelo Federal Reserve não tem restringido a economia a ponto de lançá-la em recessão.

Em meio ao processo de elevação dos custos de crédito no país, a resiliência mostrada pela atividade econômica nos Estados Unidos vem em momento no qual os rendimentos dos Treasuries mostram moderação, após terem assustado recentemente os mercados globais com a escalada dos juros longos, de 10 anos, acima da marca de 4%. Para dezembro, o mercado tem se posicionado recentemente para uma desaceleração do ritmo de alta da taxa de referência do BC americano, os Fed funds, a meio ponto porcentual na última deliberação sobre os juros no ano.

"É cedo para dizer: ainda há muitas leituras de dados a serem acompanhadas pelo Fed antes de decidir por uma recalibragem ou sobre até onde irá com os juros, onde o ciclo terminará. Com o rendimento da T-note de 10 anos abaixo de 4%, vê-se agora alguma acomodação nos Treasuries. Mas vale lembrar que, além de muitos dados ainda por vir, a tradição do Fed é mais pelo 'oversight' eventual excesso de zelo do que por deixar de agir quando a situação exige, contra a inflação", diz Erminio Lucci, CEO da BGC Liquidez.

A dúvida sobre a extensão e o grau de elevação dos juros de referência nos Estados Unidos se combina a um momento menos propício para commodities como o minério de ferro, a que a B3 tem grande exposição - a exceção parece ser o petróleo, que mostra recuperação. A concentração de poder observada na renovação do mandato de Xi Jinping na China, em momento no qual a segunda maior economia se acomoda a um ritmo de crescimento bem inferior ao que acostumou o planeta nas últimas décadas, é outro dado que passa a ser observado de perto pelos investidores globais, atentos também a fraturas geopolíticas que voltam a dividir o mundo entre Ocidente e Oriente, o que envolve também a Rússia.

Se o cenário externo é desafiador, o doméstico será pautado no curto prazo pelas escolhas e pelo comportamento de quem sair vitorioso - ou no caso oposto, derrotado - da eleição do domingo, 30. "O pior cenário possível seria um terceiro turno, uma disputa prolongada após a eleição, caso haja desacordo, não aceitação dos resultados. A Bolsa ainda está barata, mas sofreria numa situação como essa", diz Henrique Tavares, analista de investimentos da DVInvest. A curva de juros tende a ser mais sensível a eventual vitória do PT, pela falta de compromisso com o teto de gastos: o risco fiscal, nesse caso, contribui para um "juro estrutural mais alto", acrescenta o analista, a menos que venha uma definição rápida de quem ocupará o Ministério da Fazenda, e o nome seja bem aceito.

A mudança de dinâmica observada na semana final da eleição - com aparente perda de fôlego na recuperação esboçada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) na semana anterior - furou o kit de estatais, notadamente Petrobras (BVMF:PETR4) e Banco do Brasil (BVMF:BBAS3), que havia dominado a preferência do investidor até o dia de ira de Roberto Jefferson. Nesta quinta-feira, um kit de educação e consumo, setores que tenderiam a ser beneficiados em eventual novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva, começou a emergir, com ações como Yduqs (BVMF:YDUQ3) (+11,14%), Magazine Luiza (BVMF:MGLU3) (+7,93%) e Cogna (BVMF:COGN3) (+6,71%) na ponta do Ibovespa na sessão, ao lado de IRB (BVMF:IRBR3) (+8,14%), Qualicorp (BVMF:QUAL3) (+7,25%) e Soma (+6,72%).

No lado oposto, destaque nesta quinta-feira para Vale (-3,56%) e Bradespar (BVMF:BRAP4) (-3,29%), antes da divulgação do balanço da mineradora, nesta noite. Petrobras (ON +0,30%, PN +0,76%) e Banco do Brasil (ON +1,26%) mostraram, ao fim, sinal mais fraco do que o observado no começo da tarde, ainda cedendo 12,58%, 12,62% e 13,63%, respectivamente, na semana - neutralizando, desde quarta, o avanço visto nessas ações na semana anterior. Entre os setores de maior peso no índice, destaque na sessão para os grandes bancos, como Bradesco (BVMF:BBDC4) (ON +1,96%), todos com ganhos acima de 1% no fechamento desta quinta-feira.
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