O dólar fechou em queda nesta terça-feira (28), no patamar de R$ 3,20, após o indicado para assumir o comando do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), Jerome Powell, reforçar a percepção de que a política monetária do banco central norte-americano continuará a trajetória de alta gradual dos juros, destaca a Reuters.
A cena política interna também continuava no radar dos investidores, mas otimistas com eventual aprovação da reforma da Previdência.
A moeda norte-americana recuou 0,36% ante o real, a R$ 3,2087 na venda, menor nível desde 20 de outubro (R$ 3,1898) e marcando sete de oito pregões seguidos em baixa.
No mês até agora, a moeda norte-americana já acumulava queda de quase 2%. Na mínima do dia, o dólar foi a R$ 3,2024 e, na máxima, a R$ 3,2337.
"Powell indicou que a economia (dos Estados Unidos) não estaria superaquecida, o que leva à leitura levemente 'dovish' das expectativas para o comportamento do Fed no ano que vem", afirmou o operador da H.Commcor Corretora Cleber Alessie Machado.
Em sabatina no Senado nesta tarde, o indicado de Donald Trump à cadeira hoje ocupada por Janet Yellen disse que os salários não indicavam superaquecimento da economia e que estava surpreso com as recentes leituras fracas da inflação. Além disso, avaliou que a expectativa é de que as altas graduais de juros nos EUA continuem.
Com menos juros nos EUA, os investidores optam por alocar ou manter seus recursos em lugares onde o retorno é maior, como em países emergentes. No exterior, o dólar tinha leve alta ante uma cesta de moedas e operava misto sobre moedas de países emergentes.
O recuo mais firme do dólar ante o real veio também do humor um pouco mais revigorado para a votação da reforma da Previdência, com a notícia de que o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, deve assumir a presidência do PSDB, aumentado a possibilidade de unir novamente o partido, que faz parte da base aliada do governo do presidente Michel Temer.
Assim, os investidores respiraram um pouco mais aliviados com a avaliação de que esse movimento dos tucanos pode aumentar as chances de aprovação da reforma da Previdência, considerada essencial para o controle das contas públicas.
Mas a tarefa não será fácil. Segundo uma fonte palaciana, o governo acredita ter entre 270 a 280 votos a favor do texto apresentado pelo deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA) na semana passada, menos do que os 308 votos necessários para aprovar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC).