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sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Tecnológia: estamos à beira de uma crise em conexões sem fio?

Por Fabio Jordão

Quase todos os meses, trazemos algumas notícias sobre a chegada de novas tecnologias que prometem melhorias na transmissão de dados sem fio.
Seja para internet, telefonia, redes WiFi, Bluetooth, televisão ou qualquer outro segmento, as tecnologias mais recentes vêm mostrando grande potencial.

É a chamada evolução tecnológica, a qual acontece de maneira natural (forçada pela indústria) e que, em teoria, visa trazer mais benefícios, como o aumento de velocidade na transmissão de dados, o maior alcance dos sinais e novos protocolos de segurança.
Tudo isso é muito legal, mas, assim como acontece com o trânsito em nossas cidades, o tráfego de informações através das ondas de rádio já está enfrentando alguns inconvenientes, como as quedas de conexões, o congestionamento de servidores e a falta de espaço disponível para a introdução de novas tecnologias.

Você não precisa ir longe para perceber isso. Este ano, no Brasil, tivemos a chegada das redes 4G, as quais forçaram o desligamento do antigo sinal de TV analógico em algumas cidades. Os problemas não devem parar aí e, talvez, em breve enfrentaremos uma crise tecnológica.
O espectro é limitado
O principal problema das comunicações sem fio está no uso exclusivo de um único tipo de transmissão: as ondas de radiofrequência. Quando os respectivos órgãos dos governos de cada país iniciaram a liberação do espectro, ninguém imaginava que chegaríamos a um nível capaz de esgotar todo e qualquer tipo de recurso para a transmissão de dados aéreos.

Diversos segmentos precisaram reservar faixas específicas para poder funcionar. Rádio, televisão, navegação, aeronáutica, comunicações militares e outras tantas áreas das telecomunicações necessitam desse tipo de transmissão. Acima, podemos ver como o espectro dos Estados Unidos está sobrecarregado.
Uma notícia no site da BBC nota que as faixas usadas pelos militares ainda não é totalmente ocupada, mas os governos não podem simplesmente liberá-las para o uso de outros ramos das telecomunicações.

Vale notar que não estamos tratando somente da limitação no espectro, mas também das limitações de equipamentos. Quer um exemplo? Vamos pensar na questão da internet (seja móvel ou fixa). Toda a operação dessa tecnologia é baseada no uso de modems que precisam ter capacidade para comportar os clientes de uma determinada região.
Ocorre que muitas operadoras simplesmente trabalham no limite de portas disponíveis e também da largura de dados que pode ser transmitida. Normalmente, os problemas são reduzidos, sendo que algumas vezes há quedas de conexões.

Agora, falando especificamente no Brasil, vamos pensar na questão da Copa 2014. Imagine este quadro: milhões de turistas, milhões de brasileiros, milhões de tweets, milhões de check-ins, milhões de vídeos no YouTube e por aí vai. O problema? Equipamentos que não suportam tantos dados. A solução? Reduzir velocidades. Funcionará? Talvez não!

Grandes eventos como este podem requisitar algumas soluções de emergência, algo que já aconteceu nas Olimpíadas 2012 em Londres. Na Inglaterra, a solução foi emprestar espectros para garantir a transmissão dos jogos e possibilitar que todo mundo ficasse conectado.
O problema começa nos gadgets
Jogando essa ideia sobre grandes eventos, parece que os problemas se devem principalmente à quantidade de usuários. Todavia, no dia a dia, a tendência é que vejamos mais quedas de conexões por um motivo bem banal: o aumento nas velocidades dos dispositivos.

Hoje, usamos o 4G — e, na verdade, uma minoria utiliza essa tecnologia. Agora, imagine que, logo, a maior parte dos aparelhos virá com essa capacidade. Pensando em um futuro não muito distante, teremos a chegada do 5G.
O que isso quer dizer? Dez vezes mais velocidade ou cerca de 10 Gbps! Também podemos presumir que mais alguma faixa do espectro será sacrificada ou que teremos grandes limitações na quantidade máxima de pessoas conectadas simultaneamente.
Confusão nos dados

Vale salientar que nem tudo se resume a celulares. O simples uso de um roteador sem fio na sua casa já é algo que pode causar um problema danado. Claro, trata-se de um inconveniente local e restrito aos seus gadgets, mas a tendência é que vejamos mais e mais problemas entre os aparelhos sem fio.
No caso dos roteadores, é bem possível que você já tenha passado por esse problema ou conheça alguém que sofreu com interferência entre o roteador e o telefone sem fio. Às vezes, essa interferência pode causar transtornos na transmissão de dados entre o ponto de acesso e o computador, a televisão, o tablet ou outros dispositivos que usem o WiFi.

Atualmente, existem soluções para contornar essas confusões de dados (geralmente porque os dispositivos operam na mesma frequência e usam o mesmo canal), contudo, fica difícil prever como nossos aparelhos eletrônicos vão se comportar com os padrões 802.11ac e 802.11ad.
Encontrando mais espectro
Por ora, as telecomunicações vão ser manter estáveis, mas as chances de que os sinais sem fio comecem a apresentar problemas na próxima década é grande. Conforme a BBC, novas soluções serão apresentadas em 2015 na World Radio Conference em Geneva.

Os principais órgãos responsáveis por essas questões vêm tentando encontrar métodos alternativos para ampliar o espectro, mas não é fácil aumentar algo que tem um tamanho limitado. Os métodos alternativos de empréstimo de determinadas faixas e do abandono de algumas tecnologias para a chegada de novas também não vão durar muito.

Um documento da Ofcom (reguladora de telecomunicações no Reino Unido) revela que o aumento do espectro vai ocorrer na próxima década, dobrando a capacidade atual. O órgão britânico nota que isso não será suficiente para atender a demanda (tanto por conta do aumento de usuários quanto pela utilização de tecnologias que transferem mais dados).
Diante das atuais circunstâncias, o negócio é se garantir aderindo aos bons e velhos roteadores com fios, os quais não devem fazer parte deste apocalipse tecnológico. Você está satisfeito com as tecnologias wireless? O que acha sobre nossa tecnologia para a Copa 2014? Será que vamos conhecer o caos de perto?

Fonte: BBC, Ofcom, SSRN, ITU,Tecmundo


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